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BRUNA LONGOBUCCO

I. Sobre o autor

Bruna Longobucco é graduada em Comunicação Social, bacharelanda em Direito. Começou a divulgar seus trabalhos em 2004. Já participou de antologias pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores (Panorama Literário Brasileiro 2004/2005 e no Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea); teve uma de suas crônicas publicadas no caderno universitário do Jornal Estado de Minas; foi selecionada na II Olimpíada Cultural - 500 Anos da Língua Portuguesa no Brasil, pelo Clube Amigos das Letras, na categoria prosa. Em novembro de 2004, lançou seu primeiro livro pela CBJE, O Menino que Tecia Sonhos. Conheça mais sobre o trabalho da autora em www.brunalongobucco.com


II. Seus E-books


Bruna Longobucco - O enigma da estrela

Um enigma surpreendente... uma viagem a outra dimensão. Um jogo entre o passado e o futuro capaz de levar dois adolescentes a uma aventura mágica e inesquecível.

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III. Suas Obras


A Praia

Nas dunas, na areia
Nascem castelos de sonhos
Aos meus pés, tece o mar a teia
Vejo o embalar dos sonos

Ilusões
Belos anéis
Ao longe desenho os círculos
Bem perto, crio dosséis

É o compasso de um tema
O tema de um coração
Um ritmo, traz o sentido
na alma, toca a canção

E sigo, seguindo
As ondas invadindo

A sós,
vejo formas e nuvens,
Observo o dançar dos nós

Ao meu lado
as notas,
a imagem que guardei.
De um tempo,
Da água,
Da tarde em que lhe encontrei.



Faça dormir o contexto

No cair das águas
Silêncio edificante
Imagino o vôo das águias
Encontro o céu num instante

Aurora bem vinda
Calor de verão intenso
Noite linda!
Abrigo de paz imenso

No olhar
No tempo
Em gestos
Sentimentos

Começar de novo
Fugir dos ventos
Abraçar a brisa
Criar momentos

Que se faça dormir o contexto
Eis então idéias e pretextos
Ah, divina calma, não tens preço!
Entrelinhas – vou me inebriar em sonhos e textos.



Um dia, a pedra conheceu um grilo...


A pedra lamentou a ousadia do lago em tocar-lhe a superfície. Ela sabia... com as chuvas, seria tragada. Silenciada nas profundezas da água mais uma vez. Levada sem ação ou querer para o escuro.

Se analisasse o ontem, veria que esteve grande parte da existência nos braços do lago. Deitada na terra lodosa e macia próxima à margem; envolta pelo brilho perene das estações.

Quando enfim, a seca reduzia as dimensões da cama líquida em meio à floresta, ela então podia sentir novamente o sol. Aspirar o ar das manhãs. Divertir-se com a profusão de flores que nasciam no brejo; admirava as grandes, gostava das pequeninas. Seria pouso feliz às borboletas e aos passarinhos. Era a morada de musgos, o esconderijo das pequenas espécies que transitavam entre a água e o lamaçal.

Era a vida revelando-se nas diferenças, através do tempo. A pedra sabia que não se permanecia em constância. Não era essa a vontade da natureza. E não se podia impor um modo de ser a um mundo que se formou antes dela.

Algo no entanto sabia. O destino a levou para perto daquele que se tornou o ciclo de sua existência. Nascera em meio às rochas, na porção altiva da mata. Lá o horizonte estendia-se pleno, multicor. Mas houve a tarde em que um passante qualquer a conduziu para as proximidades do lago. Não pediu licença. Não se desculpou. Foi fato. Então, como negar-se a cumprir o papel que lhe foi destinado?

Sim, havia medo, rejeição... nem sempre as mudanças traziam êxito e vezes se revoltava em ser pedra, a matéria sempre sólida, estática, ainda que não o fosse em essência.

Certa vez, disse-lhe um grilo que não se pertencia por acaso a algum lugar. Afirmou o inseto seguro, transmitindo uma certeza que ela jamais pensou sentir:

- Todos possuímos uma missão. Ninguém vive sem caminho. Ninguém é dispensável. Somos parte do todo, mensageiros da natureza, independente das formas sólidas, líquidas ou atmosféricas. Pouco importa sermos plantas, pedras, animais ou humanos, representamos a sintonia dos acordes terrestres. E não se tira o lugar nem da mais ínfima manifestação de sobrevivência...

A pedra refletiu. Viu-se repentinamente, insubstituível. De que adiantava lamentar o inalcançável? Pois que então, fosse a mais bela pedra da floresta e, não a mais bela diante dos olhos, porém, certamente a mais serena e feliz à vista da alma. Acompanhou o saltitar do grilo ao se despedir... quando não mais o avistou, ouviu contente um distante cricrilar.

Voltou ao presente. Deixou as lembranças e suspirou em alento. Agora, já encontrando-se encoberta pelo lago, prometeu não reclamar. Em breve, estaria de volta à margem. Exercitaria a espera como uma arte.

E incrível, pela primeira vez em todos aqueles anos, prestou atenção na dança dos peixinhos e girinos, que brincavam ao seu redor. Surpreendeu-se com a constatação de que algumas formas surgiam em meio ao tom pardo do lago. Afinal, ela aceitou ser pedra e conhecer sua própria verdade trouxe um milagre!

Não obstante fosse um fragmento de rocha e todas as suas possibilidades parecessem tolhidas, ela contradisse as limitações e aprendeu a enxergar além das águas...